ADVERTÊNCIA ÀQUELAS QUE PENSAM EM SE SUBMETER À CRS DE HOMEM PARA MULHER:
O que aconteceria se você conseguisse completar uma transição transexual por razões equivocadas?
Pois é, de jeito nenhum você deve cometer esse erro!
Traduzido por Sonia John
Revisado por Adriana Carvalho
Na grande maioria dos casos, uma transição transexual (TS) apresenta bons resultados a longo prazo (Pt). No entanto, noutras situações, uma transição TS completa pode fracassar totalmente, deixando de atingir expectativas pouco realistas. A pessoa então se dá conta tarde demais de que ter se submetido à Cirurgia de Redesignação Sexual (CRS) foi um GRANDE erro. Isso parece ocorrer sobretudo no caso de alguns crossdressers mais velhos e de hábitos mais intensos, assim como em alguns fetichistas, que baseiam seus motivos para transição principalmente em sentimentos e hábitos sexuais masculinos.
As páginas de Lynn que tratam da transexualidade (Pt) descrevem alguns dos riscos sociais que têm que enfrentam os transicionistas transexuais e transgêneros. A página sobre a CRS (Pt) descreve alguns riscos médicos da cirurgia em si. Nessa página tratamos de alguns dos riscos de se submeter à CRS no caso de os argumentos para a transição e/ou CRS serem questionáveis.
Pode-se mencionar os seguintes, entre os “motivos equivocados” para se submeter à CRS: (i) desejo de ser o centro das atenções e ter uma “vida sexy”, (ii) vontade de desfrutar de experiências auto-eróticas, (iii) crença de que a cirurgia consiga transformá-lo uma automaticamente numa mulher, especialmente na visão dos outros, (iv) decisão de virir mulher por capricho (ou enquanto experimenta uma “crise de meia-idade”), e (v) desejo de fazer isso enquanto sofre de séria doença mental preexistente (depressão, transtorno bipolar etc.) não relacionada a uma disfória de gênero.
Os crossdressers e fetichistas mais velhos, que se transicionam principalmente para satisfazer uma libido masculina, parecem experimentar mais arrependimento e dificuldades em se ajustar à nova situação. Com o decorrer do tempo, depois da remoção dos testículos, esses indivíduos perdem pouco a pouco as reações sexuais masculinas (ou seja, auto-eróticas) no novo corpo feminino. A perda de prazer sexual, junto com as dificuldades práticas da vida cotidiana pós-operatória, pode resultar em problemas—para aquelas que “se enganaram” em seu diagnóstico--em se ajustar à nova vida a longo prazo. (Esse é um efeito oposto ao aumento da libido feminina e à melhora do desempenho nas relações sexuais (Pt) que muitas outras transexuais pós-operadas experimentam.)
O ponto essencial nisso é que a pessoa que não esteja segura a respeito dos motivos que a levaram a se submeter à CRS tenha o MÁXIMO de CUIDADO.
Alguns exemplos de “arrependimento”:
As histórias seguintes são de pessoas que se arrependeram do que fizeram e que falaram abertamente dos remorsos. Podemos aprender muito com tais casos, que ajudam a esclarecer a natureza e a validade desta importante advertência.
Renée Richards
Consideremos primeiramente a história de Renée Richards, que se transicionou e se submeteu à CRS em 1975, quando tinha 40 anos, e no ano seguinte foi tirada do armário e apelidada de “a tenista transexual.” A ampla difusão da história dela na mídia ajudou inicialmente a uma nova geração de jovens transexuais, porque — exatamente como no caso de Christine Jorgensen, em meados dos anos 50 — ficaram sabendo que uma mundança de sexo era possível. Em 1983, Renée escreveu sua autobiografia, contando sobre sua transição, intitulada “Second Serve” (“Segundo Serviço”), o que aumentou o interesse do público sobre sua situação e a transexualidade em geral. Muito desse interesse teve como foco a questão de permitir ou não a participação de mulheres transexuais pós-operadas nos esportes competitivos femininos.
Infelizmente, a ampla divulgação da “mudança de sexo”de Renée (divulgação que em grande parte ela mesma promoveu) resultou numa extensiva exposição pública dela como transexual em vez de mulher. Os mitos que foram criados referentes à história dela geraram o conceito popular de que as mulheres transexuais pós-operadas realmente não são mulheres, mas são “o que Renée Richards é.”
Uma parte do problema da aceitação pública de Renée (e
também da própria auto-aceitação dela) foi sem dúvida sua estrutura facial
pouco comum. Tinha um corpo muito feminino, bem torneado e atraente, e ela
mesma devia se considerar bonita. Contudo, parece que ela nunca se deu conta
de que tinha as arestas da testa saltadas, uma mandíbula grande e um queixo
sólido e masculino. Nos anos 70 e 80, poucas mulheres transexuais se davam
conta de que esses traços transmitiam sinais óbvios do masculinidade e
provocavam nas outras pessoas um incômodo instintivo e visceral (a
consciência desse problema surgiu durante os anos 90 com a inovação das
técnicas da
cirurgia de feminilização facial (Pt),
ao aparecer fotos do antes/depois do trabalho do Dr. Douglas Ousterhout).
Quaisquer que tenham sido as razões, talvez por causa da fama esportiva,
junto com a ampla difusão de fotos dela, as pessoas sempre pensavam em Renée
como transexual em vez de mulher. Isso é muito diferente das situações que
viveram outras mulheres pós-operadas bem conhecidas, como Christine
Jorgensen e April Ashley; embora tenham sofrido problemas de discriminação,
o público pensava nelas como mulheres, e eram tratadas como tais, mesmo
naqueles anos.
Por fim, isso deve ter se convertido em um grande problema para Renée. Ou
talvez seja possível que, com a diminuição da atenção dos meios de
comunicação, e ao se dar conta de sua nova realidade social, emocional e
física, seus sonhos de ter uma vida sexual interminável e como centro das
atenções tenham também desaparecido. Em resumo, a transição não conseguiu
preencher suas expectativas, e Renée admitiu que preferiria não ter se
submetido à CRS.
“Não é uma coisa que
se deva fazer aos 40 e tantos anos...alguém que já viveu esses
anos todos como um homem. Se você tem 18 ou 20 anos, nunca teve
as oportunidades que tive na vida e tem o desejo de se
transicionar, vá em frente e corrija esse erro da natureza. Mas
se você é um homem de 45 anos, um piloto de companhia aérea e
tem uma ex-esposa e três filhos adolescentes, melhor que consiga
uma receita para tranqüilizantes ou anti-depressivos, ou se
interne ou faça o máximo para impedir que tente algo assim.” |
É possível que tenha havido outros
problemas mais profundos também, levando-se em conta o que podemos ler na
autobiografia dela. Renée tinha sido durante muito tempo um crossdresser
intenso e tinha mudado de opinião muitas vezes sobre transicionar-se. Numa
primeira etapa começou a usar hormônios, mas ao ter dúvidas, deixou de
usá-los e inclusive se submeteu à cirurgia para remover os novos seios.
Além disso, Renée tinha se reunido em Paris com um grupo de jovens
transexuais pós-operadas, e todas lhe tinham advertido que ela não devia se
transicionar. Todas essas mulheres lhe afirmaram que estavam felizes como
mulheres completas. Entretanto, informaram à Renée da existência de “outras
que não eram tão sortudas”. Contaram a ela a história de “uma que não estava
preparada, que não tinha a verdadeira natureza feminina”, e que “se tornou
louca depois da cirurgia”.
Renée escreveu na autobiografia, “Eu sabia que tudo que elas diziam foi por
meu benefício”, quer dizer, que aquelas garotas tentavam lhe aconselhar a
não se transicionar, mas ela o fez apesar da advertência e acabou por se
arrepender profundamente.
Infelizmente, Richards generaliza por sua triste experiência e proclama que
ninguém que tenha mais de 40 anos deve se transicionar. Os leitores devem se
dar conta de que Richards não tem contato com a comunidade de mulheres
pós-operadas de sucesso, e não sabe que algumas que se transicionam tarde
realmente o levam a cabo muito bem. É uma pena que generalize de maneira tão
global e ignorante, visto que existem tantos casos de transições
bem-sucedidas.
De todos os modos, o caso de Renée Richards é uma boa advertência para
qualquer pessoa que pensa em se transicionar tarde na vida.
Podemos especular mais sobre o que não deu certo no caso dela, e entender
melhor como se pode cometer tais erros, ao lermos o caso de um crossdresser
intenso que se transicionou e se submeteu à CRS. Leia com atenção o ensaio
seguinte escrito por Dani Bunten Berry, uma inventora eminente de jogos de
computador que se submeteu à CRS em 1992, quando tinha 43 anos:
Dani Bunten Berry
O ensaio de Dani reproduzido aqui também se encontra no site que comemora a vida, a carreira e a transição de gênero dela. Dani era uma mulher maravilhosa que se responsabilizou completamente pelas suas ações e não pôs nenhuma culpa nos demais (embora os questione) pelo que lhe aconteceu. Estas palavras francas e honestas servem como bons conselhos àquelas que sintam um impulso de se submeter à CRS por motivos errados, como fez ela.
Dani foi uma cientista da informática e a pioneira dos jogos de vídeo para múltiplos jogadores. Era muito conhecida e respeitada como uma grande inovadora nesse campo. Os jogos de vídeo para múltiplos jogadores foram a base para o surgimento de muito da tecnologia moderna de colaboração eletrônica, fazendo o trabalho dela ter um impacto imenso na informática em geral. Para ler mais sobre Dani e seu trabalho criativo, veja o artigo de Salon.com, de 18 de março de 2003.
Embora Dani tenha ido longe demais na transição de gênero, prosseguiu depois com coragem e encontrou paz de espírito por dentro. Tristemente, em 1998, morreu de câncer de pulmão com 49 anos, e já não está aqui para nos falar diretamente. Devemos agradecer a Dani por ter nos deixado este ensaio tão franco e pessoal, que fala tão aberta e honestamente sobre suas dificuldades depois da CRS. Seu ensaio pode transmitir aos demais, agora e no futuro, alguns conselhos úteis de precaução.
"Recado importante àquelas que pensam
em mudar de sexo" Não o faça! Esse é meu conselho. É a coisa mais horrível, custosa, dolorosa e desconcertante que jamais se pode fazer. Não o faça a menos que não haja outra alternativa. Talvez você pense que sua vida seja difícil, mas a menos que tenha que escolher entre se suicidar ou mudar de sexo, sua vida só piorará. E os custos não acabam. Perderá controle sobre a maioria dos aspectos de sua vida e se converterá em cidadã de segunda classe; e tudo isso para poder se vestir como uma mulher e se sentir mais bonita do que sente agora. Não o faça e ponto final. Esses são os conselhos que eu gostaria de ter recebido. Fiz a mudança de sexo, já me passo socialmente bem como mulher, tenho um emprego excelente, mas você não pode imaginar quantas vezes desejei voltar atrás para poder procurar outra maneira de proceder diferentemente. Apesar de ter seguido todas as regras e de ter sido tão honesta quanto pude com os médicos e psicoterapeutas durante todas as etapas do processo, ninguém me parou para dizer: “Está completamente convencida de que este é o ÚNICO caminho possível para você?” Pelo contrário, todas as vozes me apoiavam alegremente. Tive a sorte de que na época não existia a Internet, porque nela se encontra todo tipo de incentivadoras que, para respaldar suas próprias decisões, gabam-se de suas “cirurgias bem-sucedidas” com intuito de animar as demais. Se eu quisesse ser politicamente correta eu simplesmente diria que eu era uma mulher presa no corpo de homem, e que lembro ter sentido isso desde os quatro anos. Mas nada é tão simples, se você olha sincera e isentamente. Uma crise de meia-idade, um divórcio e uma experiência com o câncer tiveram influência pelo menos durante o momento em que decidi mudar de sexo. Não é tão fácil ser completamente honesta agora, três anos depois da cirurgia, mas não estou certa de que faria de novo, se houvesse outra oportunidade. O que me preocupa agora é que grande parte do que eu considerava disforia de gênero pode ter sido nada mais que uma fixação sexual neurótica. Eu fui crossdresser durante toda minha vida sexual, e sempre fantasiei que ser mulher fosse o ponto máximo da experiência auto-erótica. Ironicamente, ao começar os hormônios, minha libido se acabou. Contudo, confundi minha liberação das fixações sexuais como sendo a validação de minha necessidade de me transicionar. Logo depois da cirurgia, como golpe final, meus novos genitais se tornaram incapazes de atingir o orgasmo (como o 80% de minhas irmãs transexuais). Assim, acho que não é preciso dizer que minha vida atual como mulher não me dá a mínima excitação sexual. E quanto custou tudo? Mais de US$ 30.000, sem mencionar a perda de grande parte de minha família e de meus amigos. E os custos não acabam nunca. Cada pessoa que conheço, ou que conhecerei, vai ter que ficar sabendo de minha mudança de sexo. E não sou a única que sofre: odeio pensar no impacto que isso terá em meus filhos e sobre o futuro deles. De toda maneira, falo como se isso fosse horrível e não é. Há algumas vantagens, mas o mais importante—que é me sentir bem comigo mesma e ter amor verdadeiro à minha vida, por exemplo—parece não depender da mudança de sexo. Chegar a ser “eu mesma” poderia também ter incluído continuar com meu pênis e até ser mais feminina, de qualquer modo que fosse conveniente. Descobri isso tarde demais, e o que me resta é tirar o máximo de proveito da vida que tenho agora. Queria ter provado mais opções antes de ter mergulhado tão fundo. Sinto falta de poder ver meus filhos facilmente (embora eu não tenha perdido todo o acesso a eles, ao contrário de muitas transexuais). Tenho saudades de minha família e de meus amigos do passado (sei que não “deveriam” ter me abandonado, mas muita gente é menos tolerante do que “deveria” ser...enfim confesso que ainda tenho saudades). Finalmente não gosto da falta de conexão com meu passado (não há nenhum modo de combinar duas vidas tão distintas). Há uma grande variedade de maneiras de expressar o gênero e a sexualidade, e a única que tentei foi o mais radical. Agora nunca saberei se poderia ter encontrado um meio-termo que tivesse funcionado melhor do que a “única” solução disponível—a mudança de sexo. Por favor, por isso aconselho que avaliem tudo muito cuidadosamente antes de fazer o que fiz. - Danielle Berry - |
O que aprendemos desse franco ensaio de Dani é que tanto ela quanto seus conselheiros ignoraram ou não perceberam alguns sinais de alerta. Por exemplo, ela perdeu a libido masculina ao usar o estrogênio, sem experimentar nenhum desenvolvimento de libido feminina; isso poderia ter predito que possivelmente seria anorgásmica depois da SRS. Em adição a isso, suas palavras sobre as pessoas transgênero fazerem a transição “porque querem se vestir com roupa feminina e se sentir mais bonitas,” e “eu fui crossdresser durante toda minha vida sexual e sempre considerava uma mudança de sexo o máximo da excitação sexual”, revelam que o motivo verdadeiro de sua própria transição foi uma excitação sexual típica do crossdresser masculino. O resultado foi especialmente cruel, já que a fez perder a capacidade de orgasmo como conseqüência da busca “por uma maior excitação sexual.”
Dani enfrentou todas as dificuldades
usuais de uma transição de gênero, mas ela não ganhou nenhum dos benefícios
de que desfrutam muitas mulheres pós-operadas. Entre as muitas mulheres que
recentemente fizeram uma transição tardia, esse é um resultado bastante
comum. Parece mais ou menos correta a conjectura de Dani que 80% dos
crossdressers e pessoas transgêneros acabem por não ter capacidade
orgásmica, QUANDO se submetem à CRS, enquanto o inverso dessa porcentagem é
provavelmente certo para aquelas que são essencialmente transexuais. Estudos
das mulheres que se transicionam cedo na vida mostram que a maioria retém a
capacidade orgásmica depois da CRS.
Teria sido melhor que os conselheiros de Dani lhe tivessem sugerido a opção
de se submeter a uma cirurgia de feminilização facial para corrigir o rosto
muito masculino, e depois empreender silenciosamente uma transição de gênero
social. Poderia ter feito de tudo—hormônios, depilação definitiva, adotar um
novo nome e identidade, mudar o gênero socialmente e viver como uma
mulher—MAS SEM se submeter à CRS. Assim, teria sido sem dúvida muito mais
feliz, e como uma mulher mais bonita teria podido se integrar muito melhor à
sociedade. Além disso, teria podido continuar a desfrutar das práticas
auto-eróticas masculinas de crossdresser. É uma pena que em 1992 ninguém
tenha visualizada essa opção nem a tenha sugerido.
Sandra MacDougall
As histórias de Renée e Dani não são insólitas nem isoladas. Nos anos recentes vimos muitas transições transexuais que fracassaram. O número de crossdressers intensos e dos que se denominam “autoginéfilos” que se transicionam tarde vai aumentando, com a ajuda de conselheiros negligentes que lhes dão os documentos necessários para que possam se submeter à CRS, sem que estejam adequadamente preparadas para viver como mulheres nem entender bem as outras opções válidas.
Para mais um exemplo, veja o artigo de 28 de abril de 2002 do Scotsman.com sobre Sandra (Ian) MacDougall, então com 49 anos, intitulado “O tormento da mudança de sexo do soldado preso no corpo de uma mulher.” (mais)
Sandra (Ian) MacDougall
“Este ex-membro das Guardas Escocesas diz que
tem sofrido assédio físico e verbal desde que se submeteu a uma
cirurgia para mudar de sexo faz quase quatro anos, e deseja que
fosse possível revertê-la. Mas MacDougall já se encontra presa no corpo de uma mulher depois de consultar vários médicos, que lhe disseram que nunca poderiam reverter a cirurgia. MacDougall, que não teve nenhuma relação desde a cirurgia e espera permanecer celibatária durante o resto da vida, já decidiu tirar o melhor proveito do gênero que conquistou a duras penas. Disse ela: ‘Desde a cirurgia minha vida tem sido terrível porque as pessoas zombam de mim sempre que saio de casa.’” |
Fica claro ao lermos o artigo que
Sandra é um crossdresser intenso (tem “mais de 80 vestidos, sacos de
maquiagem e um armário cheio de sapatos”). Além disso, é aparente que ela
(i) não estava preparada nem emocionalmente pronta para se transicionar
socialmente, (ii) não tinha nenhuma idéia de como as pessoas iriam tratá-la
depois, em virtude da falta de preparação, e (iii) aparentemente de algum
modo, pensava que ia conseguir magicamente, ao se submeter à CRS, o que
ainda não tinha conseguido através de outros meios, quer dizer, mudar o
aparente gênero social masculino para o feminino.
Como resultado, a vida dela tem sido ruim desde a cirurgia. Não passa como
mulher e todo o mundo na vizinhança zomba dela. Não tem tido e nunca terá
uma relação sexual. Desesperadamente deseja “voltar” atrás, mas não existe
maneira de reverter a cirurgia.
A melhor opção para Sandra neste momento seria reverter a transição, em
termos sociais e hormonais, quer dizer, voltar a viver o papel masculino e
começar a injetar testosterona, mas ela não parece se dar conta dessa opção.
Esse tipo de transição totalmente fracassada deve dar uma sinal de
advertência fortíssimo a qualquer crossdresser (ou aos que se auto-definem
“autoginéfilos”) que pense em se submeter à CRS.
Samantha Kane
Também existem
aquelas que “mudam de sexo” por puro capricho, têm os recursos financeiros
para fazê-lo, e logo se arrependem e processam todo mundo que “lhes infligiu
o dano”, sem se responsabilizar pelas decisões que tomaram.
Consideremos, por exemplo, o caso de “Samantha Kane”, e não só o dano que
esa pessoa impulsiva se fez, mas também o dano causado às outras mulheres
transexuais do mundo inteiro pela sua irresponsabilidade, tanto por se
transicionar como por, mais tarde, atacar aqueles que tentaram ajudá-la no
início.
(Sam Hashimi => Samantha Kane => Charles Kane)
“Sam, como era”
|
“Samantha, como era...” |
“Charles, como hoje é!!!” |
Samantha Kane era, à
vista de todos, uma mulher enormemente bem-sucedida. Tinha sua
própria companhia de decoração de interiores e era independente,
moderna e excepcionalmente bonita. Tinha um Mercedes-Benz dos
mais luxuosos, casas no oeste de Londres e na Espanha, e crédito
em todas as lojas exclusivas de alta costura de Knightsbridge. O
nome dela se parecia ao de uma personagem do programa de
televisão Dinastia, e sua beleza felina podia tê-la permitido
ser uma.
|
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Para mais informação sobre eswe caso, leia:
http://www.transgenderzone.com/features/changemeback.htm
http://www.bbc.co.uk/health/tv_and_radio/onelife_prog3.shtml
Para comentários mais extensos sobre casos de “arrependimento,” bem como sobre grupos de religiosos fervorosos e ideólogos homofóbicos que se aproveitam deles—enchendo-os de atenção para conseguir que de repente revertam as transições e processem todo mundo—veja a página de Christine Beatty intitulada Transexualidade, Arrependimentos e Terapia Reparativa:
http://www.glamazon.net/transsexual-regrets.html
Resumo:
Fica claro que você tem que ser
extremamente honesta consigo sobre o “porquê” de necessitar se transicionar,
e se a longo prazo uma transição transexual (CRS
incluída) atingirá suas expectativas e esperanças íntimas. Nenhuma outra
pessoa pode saber o que sente por dentro e “por que você precisa fazer
isso”, nem pode prever se vai dar certo ou não. É MUITO importante que seja
brutalmente realista consigo sobre os seus motivos, capacidades e
expectativas antes de se empenhar em uma transição transexual completa. Se
você acha que fará para seu próprio prazer auto-erótico, pensa muito mais e
preste a máxima atenção às advertências anteriormente indicadas.
Escute seu coração e seu corpo, e não deixe que nenhuma pressão social te
force a fazer algo de que arrependerá mais tarde. Se realmente gosta de sua
sexualidade masculina (especialmente dos desejos de “montar, empurrar e
penetrar” alguém) antes da cirurgia, é pouco provável que desenvolva e
desfrute de uma sexualidade feminina no pós-transição. Pelo contrário, é
possível que você simplesmente se arrependa da perda de sua sexualidade
masculina e fique “fria” sexualmente. Se crê que isso seja uma
possibilidade, considere seriamente uma transição social sem se submeter à
CRS.
Além disso, aquelas que arriscarão transições sociais difíceis devem se dar
conta de que a CRS, por si mesma, não vai fazer que todo mundo, de modo
milagroso e repentino, “ache que você virou uma mulher.” Antes de mais nada,
lembre-se de que as únicas pessoas que vão ver seus genitais são amantes e
amigos íntimos (além de médicos, etc.), e assim a CRS não mudará as reações
do povo ao redor de você. Se você acredita que irá enfrentar dificuldades na
transição social, pode se que seja mais aconselhável que se submeta primeiro
à CFF, porque ela pode melhorar muito sua aceitação social como mulher.
Transicionar-se e se submeter à CRS por capricho é essencialmente uma idéia
ruim, não importantdo quanto dinheiro, influência ou poder você tenha para
levá-la a cabo. No lugar disso, procure psicoterapia, explore as
alternativas e vá menos depressa. Escute os conselhos de
Dani Berry e reflita sobre o caso de
Samantha Kane, ambos acima.
No entanto, se sente a necessidade profunda de ter um corpo feminino e de
viver no gênero feminino, assim como a necessidade igualmente profunda de
expressar uma sexualidade feminina na intimidade e no amor, então uma
transição transexual, com a CRS incluída, é o ideal para você.
Lynn Conway
[Advertência/CRS: Versão de 4-09-05]
Mulheres Transexuais de Sucesso (Pt)
[A página de Lynn] (Pt)