Diferenças Entre as Situações das Pessoas
Transgênero e Transsexuais
Em Vários Países do Mundo
Por Lynn Conway
http://ai.eecs.umich.edu/people/conway/conway-Portuguese.html (Pt)
Copyright @ 2002-2006 Lynn Conway. Todos os Direitos Reservados.
Traduzido por Sônia John
[V 4-19-06]
Lynn escreveu as páginas sobre transgenerismo (Pt) e transsexualismo (Pt) desde o ponto de vista de alguem que vive e transicionou nos Estados Unidos. No entanto, transgenerismo e transsexualismo sempre têm ocorrido internacionalmente. Mulheres do mundo inteiro muitas vezes têm olhado mais além dos seus próprios países para tentar se escapar das armadilhas de gênero em que têm-se encontrado. Cada país sempre tem tratado as pessoas transgênero e transsexuais de maneiras diferentes, e as transicionistas muitas vezes podem se aproveitar de melhores serviços médicos, emprego ou cidadania num país estranjeiro. Lynn mesma teve que sair dos E.U.A. há 38 anos para se submeter à SRS, durante uma época quando náo permitiam essa cirurgia aqui.
Todos os aspectos de uma transição de gênero, e da vida depois da transição dependem da nacionalidade e a cultura. Há grandes diferenças nos costumes, tradições sociais, tabus culturais, leis e procedimentos burocráticos a respeito das condições e transições TG e TS. A nacionalidade assim afeta de maneira muito importante tanto a dificuldade de completar uma transição TG ou TS quanto afeta o grau em que a transicionista será aceita e poderá desfrutar de uma vida realizada depois da transição.
Muitas culturas não ocidentais têm reconhecido e acomodado durante muito tempo, e de uma variedade de maneiras, as pessoas transgênero. Mesmo quando tais culturas não fossem sujeitas à colonização militar ou política pelos países ocidentais, os desejos de imitar os costumes ocidentais muitas vezes resultaram na repressão ou eliminação de suas minorias de gênero. Em alguns países, se lembram as minorias de gênero antigas por meio de tradições orais, enquanto em outros apenas sobreviveram, tal vez nas sombras ou em regiões geograficamente isoladas e consideradas “atrasadas.” Já que a cultura ocidental começou a aceitar minorias de gênero e orientação sexual, vários desses grupos também estão emergindo à luz. Exemplos de tais grupos são os fa’afafine e mahu da Polinésia, os takataapui da cultura maori de Nova Zelanda, os khanith e mukhannath da península árabe, os muxe do México, e as pessoas “dois espiritu” dos indígenas americanas (por exemplo os nadle do tribo navajó e os winkte do tribo lakota). Outro exemplo importante são as hijra, grandes números das quais se encontram na Índia e Bangladesh (veja abaixo). E seguramente há outros.
Pode-se visualizar as grandes diferenças das vidas TG e TS de país em país, inclusive entre os países ocidentais, por comparar características básicas como (i) como fácil é aceder a serviços de transição e tratamento médico, (ii) quem paga esses serviços e tratamentos, (iii) as respostas sociais às condições de gênero, (iv) o grau de aceitação como mulheres depois da transição, (v) o estado legal antes/depois da transição, (vi) o grau de liberdade de “começar uma nova vida”, e (vii) o acesso a emprego antes, durante e depois da transição.
Estados Unidos:
Os Estados Unidos agora é, em muitos sentidos, o melhor país do mundo para as transicionistas TG e TS. O seguro de saúde aqui raras vezes atualmente cobre as despesas da transição, e a maioria das transicionistas mesmas geralmente têm de pagar tudo. No entanto, as amplas oportunidades de bom emprego nos E.U.A. permitem que muitas ganhem vidas boas e paguem os tratamentos antes, durante e depois da transição. Muitas empresas aqui também apoiam transições “no emprego”. Nenhum outro país fornece tantas oportunidades maravilhosas às mulheres no mercado laboral, e na vida em geral, e muitas mulheres pós-operadas aqui podem alcançar sucesso profissional e personal.
Também existe nos E.U.A., desde a época da colonização fronteriça, uma longa tradição social de “se radicar de novo em outro lugar”. Os laços familiares aqui não são tão fortes como na maioria dos países. Como alternativa, se construi “famílias extendidas” formadas de amigos de emprego ou de atividades de recreio. Livre de algumas das restrições da sociedade tradicional, e com a possibilidade de construir vidas longe das famílias e comunidades de nascimento, as pessoas aqui não têm medo de desatar os laços, se mover, e começar de novo. Felizmente, a maioria dos estados dos E.U.A. já permite que as mulheres pós-operadas consigam certidões de nascimento corrigidas e outros tipos de identificação depois da transição transsexual, e também lhes permite direitos completos como mulheres, inclusive o direito de se casar com homens. Todo isso é uma grande vantagem para as transicionistas aqui.
Os E.U.A. também tem avançado rapidamente para asseguar os direitos cívis às pessoas TG e TS, que já estão protegidas por leis anti-discriminatórias em muitas grandes cidades. Por outro lado, permanecem pequenos elementos violentos, sempre presentes na sociedade americana atual, e as pessoas TG e TS sempre têm que evitar tais pessoas e lugares perigosos. No entanto, na maior parte os E.U.A. é uma sociedade amistosa onde as pessoas se mexem pouco nos assuntos dos demais, assim que as transicionistas aqui experimentam comparativamente pouco assédio.
A população dos E.U.A. tende a ser mais segura de si e independente do que a de muitos outros países. Uma grande parte de nossa liberdade de fazer “o nosso” vem do fato que temos que nos responsabilizar por nossas vidas sem depender dos demais. As pessoas que não consigam cuidar de si, e que esperam que os demais as cuidem, não vão poder esperar transições de gênero fáceis. Assim é a liberdade uma lámina de dois fios – os E.U.A. oferece às pessoas a oportunidade de atingir o sucesso e uma sociedade maravilhosamente aberta em que atingi-lo, mas por outro lado oferece a possibilidade de se equivocar e fracassar completamente, tudo por conta própria.
América Latina:
Ao considerar os países ao sul como o México, e outros da América Central e da América do Sul, vemos uma situação muito distinta para as pessoas TG e TS. Nesses países a maioria dos homens são machos, e definem sua masculinidade como “não ser feminino”, e os dois gêneros estão muito mais polarizados do que nos E.U.A. Zomba-se e se estigmatiza intensamente qualquer homem que seja feminino em qualquer aspecto. Como resultado, a maioria das pessoas TG e TS da América Latina fica num estado de medo e opressão, teme revelar sentimentos de gênero cruzado e muitas nunca tentam solucionar sua disfória de gênero.
Ao mesmo tempo, existe uma tradição longa de travestis nesses países. Os travestis são um grupo mais ou menos clandestino que trabalha no chamado comércio sexual, quer dizer, na prostituição, pornografia, espetáculos, etc. Desde faz muito tempo, se tornar travesti tem sido uma possível “zona de pousada” para jovens transgênero da América Latina que as famílias jogam fora da casa. Sem formação, documentos de identificação, ou forma de apoio social nenhuma, pelo menos aí encontram os meios de sobreviver economicamente.
No entanto, se estigmatizam aos travestis em muitas dessas sociedades dominadas pela igreja católica, onde os ensinos e intrigas religiosas exercem tanta influência sob a população. Sem documentação adequada, os travestis têm pouca oportunidade de encontrar emprego normal e geralmente ficam relegados a viver em bairros baixos e a trabalhar no comércio sexual. Muitos são muito atraentes e femininos, como se pode ver neste site brasileiro “Transsexuais Brasileiros” (Cuidado: este site é pornográfico). Estes travestis e mulheres transgênero atraentes facilmente atraem homens masculinos e luxuriosos que pagam seus favores sexuais.
Muitas destas mulheres já se aproveitam da internet para atrair clientes, atuando como “acompanhantes”, e também para ganhar dinheiro da pornografia sem ter que correr os riscos de solicitar na rua. Contudo, muitas sofrem assédio e discriminação terríveis por parte da polícia e outras autoridades. Inclusive aquelas que são transsexuais e que de algum modo conseguem completar uma transição de gênero social e física poucas vezes podem obter identificação correta, ficam consideradas travestis e seguem estigmatizadas nesses países. Muitas tentam emigrar à Europa (e algumas aos E.U.A.) onde tal vez tenham a oportunidade de uma vida melhor, ou como “she-males” ou transicionistas transsexuais.
Na América Latina o Brasil tem sido até certo grau uma exceção. Desde faz muitos anos, bonitas e talentosas mulheres brasileiras transgênero podiam construir carreiras respetáveis no mundo de espetáculos. E algumas delas se tornaram celebridades nacionais, como foi o caso com Roberta Close. No entanto, no Brasil vem-se reconhecendo muito devagar o conceito distinto do transsexualismo, e essas mulheres sempre ficavam consideradas travestis, mesmo quando tivessem feito transições fisicamente completas.
A cirurgia de redesignação sexual à qual Roberta Close finalmente se submeteu na Europa em 1989 aumentou a consciência do público brasileiro, especialmente quando o governo recusou mudar seus documentos de identificação e assim provocou uma grande controvérsia. Em 1998 se estabeleceu finalmente um programa “experimental” patrocinado pelo governo, para fornecer a um número limitado de mulheres transsexuais acompanhamento psicológico e cirurgia de redesignação sexual. O número cresciente de mulheres pós-operadas no Brasil assim resultou num maior reconhecimento da validade dessa forma de variação de gênero. Logo após, o governo brasileiro relaxou sua oposição a mudanças de nome e gênero nos documentos de identificação, e Roberta Close finalmente conseguiu mudar legalmente os seus em 2005.
Nos anos noventa também emergiram os crossdressers brasileiros como un grupo distinto de pessoas variantes de gênero, que anteriormente tinham sido igualados sem pensar aos travestis. Alguns grupos de crossdressers brasileiros mantêm sites, e arrumam festas e reuniões nas grandes cidades, do mesmo modo como se faz nos E.U.A. Em adição, os vários grupos de pessoas transgênero do Brasil se estão aliando de maneira produtiva com grupos de ativistas gay e lésbica. Pode-se perceber sinais de que estas tendências também começam a acontecer em alguns outros países latino-americanos.
Europa Ocidental:
Em contraste à maioria dos países latino-americanos, alguns dos países europeus são bons lugares para se transicionar. Os países escandinavos e Holanda em especial acomodam e aceitan as transicionistas. Espanha, que recentemente legalizou o casamento homossexual, também tem-se aberto mais a transições de gênero, e já está disponível até certo grau a cirurgia de redesignação sexual (para as MtF e os FtM) em clínicas públicas. Os serviços de saúde nacionais de alguns outros países europeus também pagam as despesas de tratamento médico (inclusive as da cirurgia). No entanto, em alguns desses países muitas vezes existem longos atrasos burocráticos antes de poder aceder aos tratamentos médicos. Por isso, muitas transicionistas se submetem à cirurgia na Tailândia, evitando assim os sistemas de saúde nacionais. Depois da transição, as mulheres pós-operadas européias podem obter uma emenda completa da identificação legal e têm direitos legais completos, inclusive o direito de se casar com homens. Por outro lado, há menos disponibilidade de bom emprego do que nos E.U.A. Para mais informações sobre transição de gênero na Europa, veja o site European TS
O Reino Unido também é um bom lugar para uma transição de gênero. O serviço britânico de saúde fornece apoio médico e cirúrgico completo e a cultura em geral se acomoda bem as transicionistas. No entanto, até 2004 um velho precedente legal impedia que as mulheres pós-operadas fossem reconhecidas legalmente no gênero novo. Não podiam tirar certidões novas de nascimento, e tinham que revelar suas histórias cada vez que mudavam de emprego e em outras situações que tinham de ver com a burocracia estadual. Pior ainda, não lhes era permitido se casar no gênero novo. Pressionado por grupos de ativistas transgênero (em especial “Press for Change”) e pela União Européia, o Reino Unido emendou essas leis arcáicos por meio do Projeto de Lei do Reconhecimento de Gênero de 2004, e já reconhece as pessoas transgênero conforme o gênero correto depois que transicionam. Para mais informações sobre assuntos transgênero no Reino Unido, veja os sites das muitas mulheres britânicas na página de Lynn “Mulheres Transsexuais Bem-Sucedidas” (Pt) e também o site de Press for Change.
In Switzerland, SRS is covered by the health insurances, as long as the person is at least 25 years old, if it takes in a public hospital, if the person has been recommended for surgery by a psychiatrist and if she has been examined during at least two years. Official ID changes are made through a simplified court procedure and are accepted unless the person is married. The most important problems are currently that is it really difficult to find a respectful psychiatrist ready to help you, that FtM surgeries are only practiced outside public hospitals (and health insurances refuse to cover them) and that health insurances are likely to refuse covering surgeries for early transitioners. Transgender people are unable to update their official documents. The administration currently refuses to take into account the identity changes of married people. Legal actions are likely to improve this situation in the following years. The professional situation of people is different from case to case. But some people have been able to keep their position of top manager through and beyond their transition, some have been able to get one after. The local mentality which favors the respect of the private life is really helping the people who are able to manage their transition successfully (Swiss information from Marie-Noëlle).
Austrália:
Australia está acomodando cada vez mais as transicionistas de gênero. Muitos australianos, pelo menos das grandes cidades, são amistosos e, como os americanos, geralmente não se mexem muito nos assuntos dos demais. Portanto, muitas transicionistas na Austrália podem encontrar emprego razoável antes e depois da transição, e podem pagar o custo da cirurgia executada no país vizinho, Tailândia. Muitos australianos também têm-se conectado à internet e assim aproveitam das informações disponíveis aí. Para saber mais sobre Austrália, veja os sites e histórias das muitas mulheres desse país na página de Lynn “Mulheres Transsexuais Bem-Sucedidas.” (Pt)
Rússia e Europa Oriental:
Como conseqüência da queda da União Soviética e o aparecimento de sociedades abertas na Europa oriental, já vimos um aumento do número de transições sucedidas nesses países. Uma transição ainda é mais difícil aí do que na Europa ocidental; é preciso tratar de uma burocracia mais grande e é mais difícil aceder ao tratamento médico. No entanto, os sistemas médicos nacionais muitas vezes pagam os tratamentos, e umas mulheres (e homens transsexuais também) estão relatando transições bem-sucedidas nesses países. Isso é uma tendência esperançosa que deve continuar à medida que esses países venham a parecer mais aos do resto do continente. Veja os sites de Lena (Kiev, Ucrânia) e Iva (República Tcheca) para aprender mais sobre transições nesses países.
Ásia e Oriente Médio:
A situação nos países asiáticos varia muito. A China recentemente começou a permitir transições sem publicá-las muito. Não permite muitas, visto o tamanho da população, mas permite que as mulheres se casem com homens depois da transição. O Japão permanece bastante menos avançado, sendo uma sociedade extremamente conformista que em geral rejeita as pessoas que considera “anormais”. No entanto, algumas mulheres intensamente transsexuais de algum jeito conseguiram transicionar inclusive no Japão. As mulheres desses países geralmente viajam para Tailândia para se submeter à SRS, e confiam na sorte a respeito de poder sobreviver de algum modo ao voltar. Algumas mulheres pós-operadas extremamente bonitas e bem-sucedidas já influenciam de maneira muito positiva a opinião pública em algumas dessas culturas conservadoras. Um exemplo é Harisu uma bonita mulher transsexual de Corea do Sul que é bem-conhecida como atriz em seu país.
Em contraste, Tailândia tem uma tradição desde faz muito tempo de atrizes e empregadas de bares que estão chamadas de “senhoritas-meninas” ou “kathoey”. Muitas jovens transgênero TG e TS conseguem transicionar na Tailândia, e muitas finalmente se submetem à SRS que aí é barata e facilmente disponível. Embora a sociedade tailandesa aceita as kathoeys, infelizmente não as considera mulheres, e não lhes permite documentação como tais. Como resultado, um grande número das kathoeys fica marginalizada no comércio sexual inclusive depois da transição, e isso deu lugar à fama de Tailândia de ter muitas travestis e mulheres transgênero muito atraentes. Muitas mulheres pós-operadas de Tailândia tentam encontrar emprego ou maridos em outros países, para fugir duma vida de emprego nos bares e no comércio sexual. Muitos emigram a países como Alemanha, onde os homens se dão conta que essas mulheres são esposas maravilhosas, e onde estão aceitas plenamente como mulheres.
Para saber mais detalhes sobre as muitas variações das vidas TG e TS nos países asiáticos, veja o site TransgenderAsia, criado pelo Professor Sam Winter da Universidade de Hong Kong.
A Índia é mais uma história, e completamente diferente. Desde muito tempo atrás, a sociedade indiana tem permitido uma forma antiga de “mudança de sexo” como refúgio para as adolescentes transsexuais. Na Índia se pode fazer “hijra” por se submeter a uma “mudança de sexo” que consiste de uma emasculação completa como adolescente, depois da qual se junta à casta hijra. Embora não são mulheres completas (faltam-lhes vaginas e seios), as jovens hijras evitam a masculizinação e podem viver como mulheres pelo resto da vida. Pratica-se muito na Índia este método antigo de resolver a condição transsexual, e aí vivem no campo de um milhão de hijras (um de cada 400 rapazes, mais o menos, se torna hijra). Isso, num país de tanta pobreza, permite às transsexuais intensas uma maneira barata de se escapar. Nos anos recentes, o governo indiana começou a ajudar as mulheres hijras, fornecendo hormônios para que possam se feminilizar, se pareçam mais com mulheres, e tenham melhor possibilidade de ser aceitas socialmente. No entanto, há um preço alto de pagar por se tornar hijra e viver para sempre entre os gêneros nos grupos comunitários desta casta tão baixa e desprezada, trabalhando principalmente como mendigas e prostitutas. Recentemente, algumas hijras entraram em contato com mulheres TG e TS do mundo ocidental e estão aprendendo os métodos mais modernos de transição de gênero. É provável que muitas mais delas procurarão tratamento hormonal e inclusive a SRS completa no futuro, se o puderem pagar. (Veja as páginas de Lynn Transsexualismo e Cirurgia de Redesignação de Sexo para mais informações sobre as hijra).
Existem também muitas hijras nos países seculares muçulmanos de Paquistão e Bangladesh, aonde o costume hijra chegou desde a Índia há muito tempo. A situação das hijras nesses países é similar ou pior à da Índia, e a maioria dessas hijras também tem vidas marginalizadas como mendigas ou prostitutas da rua.
Em outros países seculares muçulmanos como Turquia, Indonésia e Malásia, as mulheres TG e TS se encontram em situações similares às dos países latino-americanos dominados pela igreja católica. Nesses países muitas mulheres fazem transições de gênero sociais (TG). No entanto, aquelas que transicionam acabam por perder documentação oficial e oportunidades de emprego, e vivem marginalizados nos bairros baixos das grandes cidades, onde têm que recorrer a mendigar ou trabalhar no comércio sexual para sobreviver. Embora algumas consigam hormônios para feminilizar seus corpos, poucas realizam uma transição transsexual completa. E mesmo quando a fizerem, a sociedade não as considera mulheres, e ficam marginalizadas sem bom emprego.
Encontram-se as situações piores para pessoas TG e TS no mundo muçulmano estrito, onde qualquer variação de gênero ou orientação sexual está tratada com o máximo de crueldade e ostracismo. Em muitos países estritos muçulmanos como a Arábia Saudita, é comum que executem os gays e as lésbicas simplesmente porque são homossexuais. Como se pode imaginar, não há esperança nenhuma para as pessoas TG e TS em tais países. É completamente inacreditável que alguem pudesse se transicionar num mundo tão medieval, religiosamente supersticioso, brutal e perigoso sem se expor a riscos incríveis.
Há exceções no mundo islámico à marginalização e perseguição das pessoas transgênero. O Irã atualmente é o caso mais notável, já que aí fornecem apoio social e médico às transicionistas, e o estado lhes concede reconhecimento legal no novo gênero. Durante os anos recentes esta prática, que se baseia num decreto favorável do Aiatolá Khomeini há muitos anos, vem aumentando silenciosamente. Por outro lado, note que o governo iraniano reprime brutalmente as relações homossexuais, e tem executado muitos jovens gay.
O Impacto Mundial da Internet:
Felizmente, a internet está ajudando muitas pessoas TG e TS a conhecer melhor as culturas de países diferentes dos seus. Esses contatos ajudam a muitas meninas a ideiar maneras de se escapar das armadilhas em que se encontram, caso vivam em países onde é difícil ou impossível fazer uma transição de gênero. Muitas outras transicionistas já levam em conta de maneira muito detalhada as diferenças de país em país quando procuram tratamento médico, emprego, parceiros sentimentais, e quando planejam seu futuro ao longo prazo.
Muitas pessoas TG e TS tentam emigrar desde países menos tolerantes aos mais tolerantes, por exemplo da América Latina a Europa ou aos E.U.A. Um número elevado de mulheres transsexuais já pesquisam cirurgiões do mundo inteiro para cirurgias tão importantes como a SRS. Diferenças no custo dos tratamentos médicos de alta qualidade (especialmente cirurgias) resulta em que muitas pessoas dos países desenvolvidos como os E.U.A. vão para países como Tailândia para tratamento médico. Por outro lado, diferenças na aceitação legal das mulheres pós-operadas resulta em que muitas jovens TS de países como Tailândia e da América Latina tentam emigrar a Europa, muitas vezes por meio de se casar com homens europeus.
Pode-se saber mais sobre todos esses assuntos por ler e comparar detalhes das histórias diferentes da página de Lynn Mulheres Transsexuais Bem-Sucedidas (Pt), que inclui mulheres de muitos países do mundo.
Quando olhamos ao redor de nós, vemos que as sociedades tradicionais, pós-coloniais, terceira-mundistas e medievais tratam as mulheres TG e TS da mesma maneira como sempre têm tratado QUALQUER mulher desvantajada. Nas sociedades tradicionais e medievais, uma mulher jovem sem apoio familiar ou financeiro se torna uma pária total. Nesse caso, ela geralmente fica com só duas opções para sobreviver: ou se torna prostituta ou mendiga.
No entanto, quando consideramos os países avançados, vemos ambientes cada vez melhores para transições de gênero, com menos probabilidade de ostracismo ou marginalização das mulheres. Na maioria dos países desenvolvidos, vemos também que vão melhorando as oportunidades de emprego e para ter uma vida normal como uma mulher depois da transição. Pode-se esperar que a realização dessas melhoras nos países avançados fornecerá modelos para avanços rápidos nos países menos desenvolvidos, especialmente como resultado da influência dos meios de comunicação.
Links a Mais Informações:
1. “Links a Sites Internacionais de Apoio e Informações,” LynnConway.com
2. “Evidências Históricas e Inter-culturais do transexualismo,” LynnConway.com
3. “A Vaginoplástia: A Cirurgia de Redesignação Sexual – O Cenário Histórico,” LynnConway.com
4. “TransgenderAsia,” por Sam Winter
5. Rede Transgênero Européia (TGEU)
LynnConway.com (Pt) > Informação Básica Sobre TG/TS/IS (Pt) > Diferenças entre as situações das pessoas transgênero e transsexuais em vários países do mundo
LC update 9-06-06